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Tribuna Imprensa Regional

2021/05/18

1858

Alguns crimes contra a humanidade que a TV nos mostra!

Opinião

Martins Domingues - Colaborador Tribuna A história não se repete, mas, na segunda década do século XXI e, nesta terceira, que ainda agora se iniciou, temos assistido, sistematicamente, a guerras e guerrilhas que assolam diversas zonas do mundo, onde homens, mulheres e crianças são expostos às mais terríveis condições de sobrevivência e tráfico humano. As primeiras imagens que a TV fez adentrar em nossas casas chegaram da Guerra Civil da Síria e deram ao mundo a ideia de estarmos na presença de uma guerra com consequências trágicas para a humanidade. Mesmo assim, estávamos longe de imaginar os crimes que o Estado Islâmico cometeu ao fazer as maiores atrocidades à população civil, nomeadamente o fuzilamento em massa e decapitações, para mostrar medo, terror e ódio ao Mundo Ocidental. Há cerca de um mês, também nos chegaram imagens de homens, mulheres e crianças que fugiam de uma guerra que não causaram e não conheciam os verdadeiros motivos. São imagens, como noutros casos, de vulnerabilidade e de degradação do ser humano, tendo a particularidade de serem, agora, relatadas por falantes da língua portuguesa. Em todos os casos são autênticas tragédias que a memória daqueles que  as vivem registam e, provavelmente, nunca mais conseguirão apagar. Portugal, numa primeira fase da guerra Civil da Síria, recebeu algumas dezenas de jovens que eram refugiados da mesma, mas, a sua maioria, passados alguns meses, saiu do nosso país para se juntar a familiares que estavam noutros países da União Europeia. Mais tarde (2014), a Plataforma Global pensada pelo ex-presidente, Jorge Sampaio, para estudantes refugiados, trouxe mais de 400 jovens Sírios espalhados pelas mais diversas Instituições do Ensino Superior do nosso país. E uma delas é o Instituto Politécnico de Bragança que, para além de acolher alguns jovens estudantes da Síria, é uma Instituição que se tem destacado, a nível internacional, pela qualidade dos seus cursos e, por isso, procurada por alunos dos mais diversos países do mundo. Muitos destes jovens Sírios, sendo vítimas da guerra, têm a esperança de um dia, mais à frente, participar na reconstrução do seu país. Mas, agora, só querem agradecer a Portugal porque ainda sentem a dor e as agruras que a guerra deixou nos seus projetos de vida. Podia citar outros exemplos, mas vou agora deter a minha atenção em Moçambique. Na Vila de Palma, no passado dia 24 de março, o grupo terrorista Al-Shabaab deixou um rasto de dor e sangue que, infelizmente, interrompeu abruptamente a vida de milhares de pessoas. À população, desprotegida e surpreendida pelos disparos indiscriminados dos elementos do grupo terrorista, só lhes restou fugir para o mar ou para a mata e procurar abrigo até chegar ajuda, quer do Governo de Moçambique, quer de Organizações Internacionais, ou ainda usando os seus próprios meios até chegar a porto seguro. Desde há muito tempo que se sabe dos recursos económicos naturais incalculáveis no norte de Moçambique, de cobiça internacional, que a maioria dos habitantes desconhece e, paradoxalmente, não lhes trouxeram riqueza, nem paz, nem motivos para celebrar, mas muito provavelmente trouxeram para muitos a destruição de uma vida. A União Europeia fez deslocar a Moçambique, no passado mês de janeiro, muito antes do ataque à Vila de Palma, uma delegação chefiada pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva. Esta delegação tinha como missão propor ao Presidente Filipe Nyusi ajuda técnica, logística e militar para pôr fim aos atos violentos protagonizados pelo grupo terrorista Al-Shabaab. Mas, legitimamente, Nyusi rejeitou qualquer presença militar estrangeira, exceto ajuda para melhorar a formação das forças especiais Moçambicanas, o que já está a decorrer com uma coluna especializada em formação de alto nível composta por 60 militares portugueses. Depois dos acontecimentos na Vila de Palma, a ONU veio dizer que é muito provável que este grupo terrorista faça, nos próximos tempos, mais vítimas mortais e milhares de refugiados. A ser assim, uma vez mais, os valores que estão consignados na Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 ficam amputados. Espero que tal não aconteça e que a ONU faça cumprir, aqui, os direitos humanos inalienáveis da população de Cabo Delgado, bem como devolver-lhe a esperança e o futuro. Regresso ao início do texto, a história não se repete mas, infelizmente, atos terroristas vão acontecendo, por todo o mundo, sem fim à vista.

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