2021/05/18
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Há quem tenha a particular habilidade em transformar dificuldades em oportunidade. Foi o caso do casal Francisco e Susana Esteves que, num contexto pandémico, materializaram um sonho antigo, o “Covil do Lobo” em Valpaços. A pandemia cancelou as feiras medievais e, sem trabalho há um ano, um casal decidiu abrir este parque temático, onde é possível fazer uma viagem pela história até à época galaico romana. Dentro de uma muralha de madeira e duas pequenas torres, que ladeiam um portão, foi construída uma aldeia medieval. Entre as árvores e a relva há edificações em madeira que acolhem as oficinas do carpinteiro ou do ferreiro, há um campo de areia para os torneios, há jogos e armamento, como as antigas catapultas, uma delas com sete metros de altura. São recriadores históricos ou animadores turísticos e, por ano, costumavam participar em cerca de 60 eventos, desde a viagem medieval de Santa Maria da Feira, à Braga Romana e várias feiras medievais do país e até em Espanha. Vestem-se à moda antiga e recriam os ofícios, os usos e costumes de antigamente. “Há um ano veio o ‘bichinho’ [SARS-CoV-2, que provoca a covid-19] e o ‘bichinho’ manda e, por causa disso, tivemos que reinventar o nosso trabalho”, afirmou Francisco Esteves. Por causa da pandemia de covid-19, as feiras e certames foram cancelados e, neste momento, ainda não há perspetivas de retoma. O casal já tinha a ideia do parque a germinar há uns tempos, mas por causa do volume de trabalho, que se prolongava de março a janeiro, foi sendo sempre adiada. A covid-19 foi o empurrão para o projeto. “Tivemos que nos reinventar para continuarmos a fazer aquilo que gostamos de fazer”, salientou. Susana Esteves contou que se recusaram a ficar parados, que investiram as economias que tinham e, segundo explicou, a ideia foi “criar um espaço físico para trazer as pessoas”. “O que fazíamos nas feiras, fazemos agora aqui, num espaço seguro e ao ar livre”, salientou. A responsável disse querer levar as pessoas “numa viagem ao passado” para que também conheçam um pouco a história dos povos que construíram Portugal. A aldeia abriu portas em abril, funciona aos fins de semana e durante a semana com marcação e, nesta fase, o conteúdo é mais expositivo. “Estamos, neste momento, a 10% do que vai ser o parque”, salientou Francisco Esteves. O objetivo é aumentar as atividades, realizar espetáculos e também proporcionar, o “dia experiência”, em que os visitantes podem vestir as roupas antigas e trabalhar como ferreiro ou carpinteiro. Mais tarde, vão ter também oficinas de tecelagem, olaria, de corda e de curtidor de couro. Pelo espaço passeiam duas cabras anãs e, em alguns dias, estão também lá os dois cães checos, parecidos com lobos e que derem o nome ao parque. O responsável apontou o apoio da Câmara de Valpaços para a concretização do projeto e referiu que, como sócio-gerente da empresa, contou também com ajuda por parte do Estado. O parque é uma das novas atrações turísticas de Valpaços, onde o município tem feito uma forte aposta no turismo de natureza, destacando-se a criação da Ecovia do Rabaçal, com 60 quilómetros de percursos e onde a subida da Via Ferrata tem destaque para os mais aventureiros. Mas, neste município há ainda a praia fluvial do rabaçal, lagares de vinho cavados na rocha, o centro de observação de aves aquáticas e o centro hípico de Travancas.