Manuel Terra - Colaborador Tv | 08 Julho 2022
A Académica de Coimbra sem o cl(amor) de outros tempos

Quem diria que a velha Associação Académica de Coimbra, orgulhosa dos seus 134 anos de vida, que cometeu a proeza de 1966/67, se ter tornado vice-campeã nacional e praticando futebol de esmerado quilate, com intérpretes consagrados de que fizeram história, Maló, Vieira Nunes, Rui Rodrigues, Vítor Campos, Mário Campos, Gervásio, Marques, Rocha, Crispim, Artur Jorge, Celestino, Ernesto, Curado, Serafim e Toni, lendas que marcaram uma época gloriosa. Depois do 25 de Abril, a AAC passou por várias turbulências, passando a designar-se por Académico de Coimbra, sendo que mais tarde voltaria a recuperar a nomenclatura da sua fundação. Os percalços acabariam por fazer mossa na “Briosa”, que nunca mais ganhou a consistência de outros tempos. A instabilidade diretiva e uma má política de contratações, arrastaram consigo inevitáveis despromoções à IIª Liga. A Académica de Coimbra, somou a sétima descida ao escalão secundário em 2015/16, e não mais voltou à Iª Liga. Na temporada de 2021/22 que recentemente terminou, o conjunto da Lusa Atenas escreveu a página mais negra do seu palmarés, ao tombar para a Liga3, prova da competência da Federação Portuguesa de Futebol, onde virá a encontrar outros clubes históricos do futebol português, no caso do Vitória de Setúbal, União de Leiria e o Alverca. Tem sido notório o desfasamento dos “coimbrenses” à sua equipa, onde parece ter desaparecido a “cultura” futebolística numa cidade de tradições, onde há cada vez mais gente afastar-se dos estádios. A Académica de Coimbra urge recuperar a sua identidade e honrar o seu passado histórico, e a mística do agrado dos desportistas portugueses. O clube terá de repensar a sua política desportiva e envolver as figuras vivas locais, de forma a evitar uma longa travessia do deserto, que certamente é o que menos se deseja. Terá que fazer uma aposta séria na formação e procurar atletas experientes que possam ser dispensados de coletividades do escalão principal do nosso futebol. Sente-se na cidade um certo sentimento de nostalgia, sobretudo dos sócios e simpatizantes mais antigos do clube que ainda recordam a AAC como a turma dos estudantes, e reterem na memória as capas negras no antigo recinto do Calhabé. Hoje, não conseguem de momento vislumbrar um futuro que lhes devolva a paixão e a alegria. Aquilo que se preconizaria ser uma solução de imediato, poderia eventualmente passar tal como antigamente por uma parceria entre a Universidade e o clube, onde jovens estudantes pudessem praticar futebol e conciliar os estudos, de forma a obterem cursos de formação superior. Seria importante ver a breve prazo, a equipa da Associação Académica de Coimbra, regressar ao convívio dos “grandes” se possível com uma matriz académica, ver os jovens de capas negras às costas aplaudindo nas bancadas a Académica de Coimbra, soltando o eco do (éfférreá), e que a minha geração tanto gostava de ouvir.
Manuel Terra - Colaborador Tv | 08 Abril 2022
Desporto internacional re(unido) para aplicação de sanções à Rússia

Não obstante o forte investimento de magnatas russos ligados à indústria do petróleo e gás natural, em várias áreas do desporto mais destacadamente nos últimos anos, a verdade é que a invasão militar à Ucrânia, levou muitas entidades desportivas a negarem-se participar em jogos ou torneios, em que participem clubes ou atletas da Rússia. A UEFA, depois da pressão de muitos emblemas europeus, cessou o contrato de patrocínio com a Gazprom, a gigante energética russa controlada pelo Estado. Ao que se sabe, a UEFA tem a Gazprom, como principal patrocinadora desde 2012, que se comprometia despender um valor estimado em 40 milhões de euros anuais, abrangendo a Champions League, as restantes competições internacionais e o Campeonato da Europa de 2024, que terá como palco a Alemanha. Também a equipa alemã do Schalke 04, equipada pela Gazprom, denunciou a ligação que já perdurava há 15 anos. A presença de oligarcas russos, tem a maior expressão no magnata russo Roman Abramovich, que desde 2003 comanda o Chelsea, sendo que anunciou o fim da ligação aos Blues, ao colocar o clube londrino à venda. O motivo ao que se pensa saber, tem a ver com a proximidade de Roman Abramovich a Vladimir Putin. O endinheirado Dmytry Rybolovlev, é o principal investidor do AS Mónaco Foottball Club e também do clube belga Cercle Brugge. As ligações dos russos estendem-se aos neerlandeses do Vitesse e da formação britânica do Bournemouth. A UEFA, anunciou a primeira sanção, retirando da cidade de São Petersburgo, a final da Champions League 2021/2022, que se disputará na cidade de Paris. A FIFA, delegou a exclusão da seleção da Rússia, que assim ficará de fora no Mundial de Futebol a disputar no Qatar. Por sua vez, o Spartak Moscovo, não jogará os oitavos de final da Liga Europa, e consequentemente desclassificado. No que diz respeito ao futsal feminino, a Rússia era adversária da seleção portuguesa na final four do Campeonato da Europa, vendo-se agora arredada da prova. A onda de sansões alastra-se no globo e o Comité Olímpico Internacional, apelou as todas as federações integrantes, os cancelamentos de eventos, No automobilismo, a Fórmula 1 deverá sancionar a Rússia, que espera receber em setembro o Grande Prémio. À medida que as sanções aumentam, a Rússia vai sendo excluída de mais modalidades, com o desporto a demonstrar toda a solidariedade a um povo martirizado, mas com uma consciência forte do seu nacionalismo bem exposto aos olhos da comunidade internacional. E neste contexto o amarelo vivo e o azul celestial, são agora as cores de todos aqueles que primam por valores democráticos, pelo que o desporto na parte que lhe toca com toda a pureza original, está a desempenhar e bem o seu papel interventivo.
Manuel Terra - Colaborador Tv | 21 Janeiro 2022
Jorge Jesus retira-se do Benfica por des(mando)s do plantel

O treinador Jorge Jesus, não teve vida fácil no regresso ao Sport Lisboa e Benfica, depois dos êxitos conquistados ao serviço do Flamengo. O seu regresso a Portugal e à coletividade da Luz, nunca foi consensual ao olhos do universo dos benfiquistas, contudo foi o ás de trunfo de Luís Filipe Vieira, a contas com o ato eleitoral que se avizinhava e os maus resultados desportivos da equipa sob a égide de Bruno Lage, que acabara de perder o campeonato para o Futebol Clube do Porto. Luís Filipe Vieira, viajou para o Brasil e conseguiu convencer o técnico a voltar ao clube onde ganhou títulos e aumentou a reputação. Jorge Jesus, convenceu-se que tinha um projeto aliciante e um plantel ajustado à sua ambição e para isso o Sport Lisboa e Benfica, investiu mais de 70 milhões de euros, tendo o futebolista uruguaio Darwin Nuñez custado aos cofres do clube 24 milhões de euros, a transferência mais elevada no nosso país. Certo é que Jorge Jesus, ao pisar o relvado da Luz, num discurso algo empolgante prometeu mundos e fundos, desde arrasar adversários, a uma equipa de elite para as competições europeias. Com a temporada 2020/2021 a abrir, o Benfica jogou a partida frente ao modesto PAOK, orientado pelo português Abel Ferreira, num só jogo do play-off para o apuramento para a Champions League, e Jorge Jesus deixava logo esfumar um dos seus sonhos, ao ser afastado pelo conjunto helénico. O bom início do campeonato nacional, ajudou a minorar os estragos, porém o futebol praticado pela equipa deixava muito a desejar e mais se foi agravando quando um surto de covid19, atingiu o plantel levando-o para uma série de maus resultados, que se repercutiram na Liga Europa, terminando a época na terceira posição classificativa. Já se descortinava um mau estar reinante entre sócios e simpatizantes do Benfica, que jamais perdoaram a Jorge Jesus, a mudança para o rival da segunda circular, onde teceu alguns comentários depreciativos em relação ao Benfica, e a reabertura dos estádios ao público, elevou o tom da indignação. Com mais um ano de contrato para salvar a face, viu no início da presente temporada, o presidente Luís Filipe Vieira, ser detido no âmbito da operação cartão vermelho, tendo Rui Costa assumido o poder até às eleições que viriam a ser agendadas. Tentando fugir ao turbilhão dos acontecimentos, Jorge Jesus, leva a que a sua equipa vença o play-off de acesso à Liga milionária e de seguida consegue o apuramento para os oitavos de final, arrecadando o clube cerca 52 milhões de euros. Nas eleições, Rui Costa ganha com maioria e advinha-se a estabilização. O findar da 10ª jornada, dita a perda de liderança da Liga e algumas más exibições que se foram generalizando até o Benfica, perder no seu reduto com o Sporting, após a atuação pálida dos “encarnados” constituíram a hecatombe que desencadeou o descontentamento nas bancadas, expresso na exibição de lenços brancos acompanhados de assobios, a relembrar aos responsáveis que JJ, era uma carta fora do baralho. A coesão no balneário sofreu fissuras com desentendimentos entre jogadores e estrutura técnica, e tudo isso não escapou ao foco dos dirigentes do Flamengo, levando-os a se instalarem em Lisboa, onde publicamente foram estabelecendo contatos com o treinador português idolatrado no Brasil, na tentativa de voltar de novo a treinar o Flamengo Em seu redor, a contestação alastrou e o ambiente tornou-se insustentável depois da eliminação do Benfica, aos pés do FC do Porto. O episódio nos balneários protagonizado por Pizzi, e o posterior castigo aplicado por JJ, ao atleta levou o plantel ao boicote do treino programado no Seixal. Face à insólita ocorrência, Rui Costa e Jorge Jesus, reuniram-se de emergência e rapidamente chegaram a um comum acordo. Jorge Jesus, chegou ao fim de linha depois de um ano e meio pautado por sucessivas frustrações e ausências de títulos. A Jorge Jesus, poder-se-lhe à aplicar a velha máxima de que não deveria ter voltado a um lugar onde já foi feliz.
Manuel Terra - Colaborador Tv | 17 dezembro 2021
A partida que opôs o Belenenses SAD ao Sport Lisboa e Benfica, desenrolada no Estádio Nacional do Jamor, em ciclo epidémico acabou por se tornar surreal, pelo facto de o conjunto azul se apresentar em campo com apenas 9 atletas, motivado pela extensão do surto de covid19, que atingiu o plantel. Mas voltando ao jogo, de referir que pairou a incerteza quanto à realização do mesmo, já que 13 atletas do Belenenses SAD, se encontravam em isolamento na véspera da jornada, ficando tudo em aberto para a noite de sábado, dia 27 de novembro (que fique registada a data para a história). Precisamente durante o período da manhã, Rui Pedro Soares, presidente do Belenenses SAD( o tal clube empresa), revelou aos órgãos de comunicação social que não tinha pedido o adiamento do encontro, e poderia tê-lo feito, deixando que essa decisão recaísse sobre a alçada da Direção-Geral de Saúde. Compreende-se logo que uma nuvem negra pairava no ar, enublando um segredo até à entrada do trio de arbitragem no relvado para o apito inicial. O Belenenses SAD, entrou em campo em inferioridade numérica mas enquadrado num quadro legal. Depois começou o jogo da vergonha e por ironia do destino, um autogolo logo aos 29 segundos, deu vantagem ao SLeBenfica no marcador. O conjunto benfiquista interpretou o seu papel e foi aproveitando a fragilidade do adversário materializando a sua superioridade, expressa pelos 7 golos assinalados até ao tempo de intervalo. No reatamento aconteceu o que já era previsível, quando se verificou que Diogo Calila e António Montêz ficaram no balneário, deixando a transparecer que o jogo iria ser interrompido. A confirmação veio num ápice, mal o árbitro Manuel Mota, deu a sinalética para a segunda-parte. João Monteiro, deitou-se ao chão e a mostrar-se incapacitado para continuar em jogo. O árbitro Manuel Mota, tal como lhe competia deu o jogo como terminado, por o Belenenses dispor apenas de 6 jogadores e à luz dos regulamentos, o desafio não poderia ter continuidade. Uma coisa é certa, independentemente do que se passou em campo, o presidente do Belenenses SAD, já tinha ganho a receita de bilheteira e da transmissão televisiva, restando apurar se tal era o seu principal objetivo. Segue-se agora um conflito em que todos intervenientes esgrimem razões, com muita gente a disparar em várias direções declinando responsabilidades que deveriam ter assumido. Custa a aceitar, que um país de futebolistas talentosos, onde a Liga Portuguesa ocupa o sexto lugar no ranking da Europa, seja agora manchado pela vergonha registada no Jamor. Pior do que a forma como terminou um jogo de má memória, foi sinceramente o cenário do insólito como começou. Seguramente, um dia muito triste para o futebol português.
Manuel Terra - Colaborador Tv | 5 outubro 2021
A corrupção que grassa entre comissionistas e a(gentes) do futebol
Há muito que se sabe da relação de promiscuidade que coabita entre empresários, e dirigentes de clubes desportivos, um fenómeno de que Portugal, não é exceção e que localmente tem chamado a atenção das transferências e aquisições de futebolistas, com a cosmética de que se revestem todos estes atos. A operação Cartão Vermelho recentemente desencadeada e que levou o então presidente do Sport Lisboa e Benfica, Luís Filipe Vieira a ser detido e caucionado posteriormente, criou uma onda de choque no futebol nacional e no universo benfiquista, mas que no fundo não foi mais do que já se adivinhava pelo facto de resvalar para escândalos conectados a uma hibernação financeira bem esquematizada. Se estivermos atentos à abertura das provas oficiais da Liga e aos mercados de Inverno, verificamos as inúmeras transações que são registadas e algumas rotuladas de flops, as tais que se revelam péssimos negócios, mas que contudo fazem parte de uma estratégia urdida, onde o mais importante é inflacionar o passe dos atletas, extraindo daí os necessários proveitos que têm muito a ver com a distribuição do dinheiro em operações que englobam vários agentes desportivos. Esse dinheiro gira em volta de sociedades complexas que efetuam depósitos em paraísos fiscais ou jurídicos, em contas de beneficiários onde os nomes obviamente são ocultados. Só em Portugal, na temporada transata foram despendidos 60 milhões de euros, em comissões a agentes desportivos sabendo-se que 45 milhões, saíram dos cofres do Sport Lisboa e Benfica, Futebol Clube do Porto e Sporting Clube de Portugal, mostrando-se os seus dirigentes indiferentes ao endividamento que se vai acumulando. As operações levadas a efeito pelo Ministério Público e Polícia Judiciária, poderão ser sustentadas por informações divulgadas por Rui Pinto, que se encontra em prisão preventiva e a colaborar com as autoridades policiais, depreendendo-se que existam documentos que possam ainda agitar mais o futebol português. Estas práticas estão a gerar desconforto e de alguma forma a competitividade e a verdade do futebol português, já de si manchado por outras faces da corrupção, concretamente o caso das apostas desportivas e distorção de resultados dentro das quatro linhas. E pena é que desde que o futebol passou a ser uma indústria, começassem a surgir os crápulas que na pele de representantes e defensores dos clubes para os quais foram eleitos, mandassem às malvas o código da ética ou seja; deixaram de servir os clubes e passaram a servir-se dos mesmos para o cumprimento integral dos seus objetivos.
Manuel Terra - Colaborador Tv | 7 agosto 2020
Futebol ab(surdo) em termos de pandemia
Ficará certamente para sempre nos anais da história do futebol planetário, a interrupção das provas oficiais por questões de saúde pública, decorrentes do surto de Covid-19, obrigando a indústria do futebol ao necessário confinamento. A Liga Portuguesa de Futebol, interrompida à passagem da 24ª jornada, retomou quase três meses depois da paragem, o reatamento do campeonato obrigando-o agora a um sprint final atá ao seu términus. Tempos de mudança que obrigarão a indústria do futebol a tomar medidas de fundo, passando muitos clubes por restruturações financeiras, originadas por falhas de apoios publicitários e receitas de bilheteira. As medidas sanitárias obrigam os jogos a realizarem-se à porta fechada, algo que só acontecia pela aplicação de sanções disciplinares. As portas dos estádios fecharam-se e em campo apenas os 22 jogadores, a equipa de arbitragem, profissionais da comunicação social e outras estruturas ligadas ao espetáculo desportivo, são testemunhas de que se está a desenrolar um jogo de futebol. No fundo, uma nova realidade porque está a passar a modalidade, divorciada da paixão dos fervorosos adeptos inequivocamente essenciais ao espetáculo e que arriscam deslocações aos exteriores dos estádios, para o apoio incessante aos emblemas dos seus sonhos. As jornadas que temos vindo a assistir através da cobertura televisiva, transmitem-nos a imagem de um futebol triste, com as bancadas desertas tornando tudo muito cinzento e frio e, que poderá ser uma realidade para os tempos mais próximos. Neste contexto, os chamados grandes do nosso futebol, à exceção do SC de Portugal, acompanhados pelo SC de Braga e Vitória de Guimarães, parecem adormecidos pelo interregno e tardam a despertar, com exibições muito aquém do que lhes deve ser exigido. Os seus jogadores, quiçá habituados aos incentivos e cânticos vindos da bancada, sobretudo por parte das claques e porque não também os assobios, dão a sensação que perderam a alegria de jogar e por vezes a falta de galvanização é por mais evidente. Dentro das quatro linhas, o futebol transparece uma visível palidez, porque lhe falta a coreografia, a paixão e euforia exacerbada de quem adora o desporto-rei, passando a ideia de um filme sem banda sonora. Algumas atuações são de tal forma monótonas, próprias de uma pré-época e da deficiente forma física de alguns atletas, com repercussões nos resultados finais. Por vezes damos com os jogadores a refletir sobre um quase silêncio que recai sobre o jogo, sentindo que lhes falta o combustível fornecido pela sua massa adepta, vindo da bancada e que tantas vezes está na origem de um volte face de um resultado que lhes estava a ser desfavorável. Convenhamos como é profundamente desolador os jogadores olharem para uma plateia vazia e sentirem-se algo perdidos em campo. Neste momento, o interesse da prova está praticamente centralizado na luta pelo título, em que o SL e Benfica e FC do Porto, estão empenhados e com a balança a pender mais para o lado da formação da Invita. Assim poderemos dizer, que a conquista do título seguramente será o oásis procurado no deserto de uma temporada atípica.
Manuel Terra - Colaborador Tv 18-05-2021
Tu(barões) do futebol europeu falharam golpe elitista
Um verdadeiro “vendaval” esteve prestes a atingir o futebol, com a cognominação de Superliga Europeia, contudo a corrente extemporânea foi perdendo intensidade, 48 horas depois de colocar em alerta máximo o estado-maior da UEFA. Um “assalto” que necessariamente definia como objetivo a americanização do futebol europeu, e que tinha como seguidores magnatas americanos, empresários europeus, príncipes árabes e bilionários asiáticos. Porém nada disto é virgem no mundo do futebol, e até nos vem à ideia que na década de 80, esboçaram-se movimentos para alteração do figurino da maior competição europeia, seguidos de perto pela vigilância da UEFA. A verdade é que pandemia da Covid-19, provocou “estilhaços” na “indústria” do futebol. Fez cair os apoios financeiros provocados pelos estádios vazios e queda acentuada das receitas televisivas, arrastando alguns dos grandes emblemas do futebol à escala global para uma crise dramática nunca antes vivida e às portas da bancarrota. Instalado o pânico, surgiu o movimento encabeçado por Florentino Perez, presidente do Real Madrid, a tentar recolher ajudas para uma tentativa de rebelião, contando com os principais clubes ingleses, italianos, alemães (que recusaram de imediato a anuírem à intentona) e convidando posteriormente mais alguns clubes europeus com pergaminhos, sendo um deles o FC do Porto, que nas palavras do presidente Pinto da Costa, os “azuis-e-brancos” eram uma hipótese descartada. O ataque imprevisto começou a esmorecer, muito pela intervenção do primeiro- ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e outros políticos europeus a que se associaram os presidentes das principais ligas da Europa em incondicional apoio à UEFA, protestando contra a que estava na forja. De imediato, Manchester United, Manchester City, Chelsea, Tottenham, Arsenal e Liverpool, abandonaram a marcha, o mesmo sucedendo a Milan, Inter e Juventus e pelo mesmo diapasão alinhou o Atlético de Madrid. Só mesmo o Real Madrid e Barcelona, continuaram a marchar na parada. Da debanda geral, fugiu humilhado o Banco J.P. Morgan Chase, instituição líder mundial em serviços financeiros e a terceira maior empresa do mundo, que serviria para apoiar o financiamento da “rebelião”. A Superliga Europeia, seria constituída por 20 clubes da alta-roda e a cada um deles caberia a excêntrica quantia à cabeça, de 3,5 mil milhões de euros, a título de investimento da instituição bancária a quem competiria administrar receitas estratosféricas que poderiam encaixar anualmente 10mil milhões de euros, muito acima dos cerca 2.220 milhões, em igual espaço de tempo gerados pela Champions League. A seguir em frente, esta egocêntrica competição colocaria um ponto final no futebol já pouco romântico, onde felizmente ainda existem clubes que são o porta-bandeira de uma cidade, outros que são símbolos de uma região e que terminam naqueles que simbolizam o orgulho de um bairro. A UEFA, sentindo-se agora mais pressionada vai trabalhar um figurino mais alargado da Champions League, transmitindo-lhe maior visibilidade e melhor distribuição de receitas. Ganhou consensos e conseguiu derrotar o idealista Florentino Perez, mas vencendo apenas a primeira batalha. Convém estar atenta ao evoluir da situação, porque certamente os abutres poderão eventualmente voltarem a esvoaçar e a mostrarem as garras.